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.. domingo, 24 de fevereiro de 2013

As Culturas Humanas como Processos
                  

     Foi dessa capacidade de pensar o mundo, de atribuir significado à realidade, que o homem criou o conhecimento. Desde os primeiros vestígios arqueológicos do homem sobre a Terra, percebemos que os problemas por ele enfrentados – de sobrevivência, defesa e perpetuação da espécie – lhe apareceram como obstáculos, para os quais buscou explicações sobre si mesmo e sobre o mundo em que vive.

     Os mais antigos “cemitérios” humanos, onde se encontram ossadas dispostas numa certa posição acompanhadas de alguns objetos, mostram que mesmo o ato de enterrar os mortos respondia a questões relativas à vida e à morte e implicava uma escolha da “melhor forma” de ação. Aceita pelo grupo, essa “melhor forma” tende a se repetir, transformando-se em ritual – uma ação revivida em grupo e explicada em função da resposta coletiva dada ao “para que” da existência humana.

     Podendo escolher, julgar, pensar sobre situações passadas e futuras, o homem passou da simples experiência imediata a explicações que lhe garantiam o conhecimento de si e do mundo à sua volta, formulando justificativas para fatos, atitudes e comportamentos. A partir do desenvolvimento dessa capacidade simbólica e da linguagem, a ação humana passou a ser intermediada pela atribuição de significados, interpretações estabelecidas e partilhadas entre os grupos humanos. Essas interpretações, a que chamamos conhecimento, criaram soluções para necessidades concretas de vida e sobrevivência e se mantiveram sempre operantes enquanto foram adequadas, mais úteis às dificuldades enfrentadas. Assim, se por um lado as culturas humanas tendem à ritualização e à repetição, amparadas na tradição e no aprendizado, por outro elas representam a possibilidade de mudança e adaptação. A própria reprodução das formas de vida existentes acarreta novas necessidades, que o homem procurará satisfazer transformando o modelo existente. Podemos então conceber as diferentes culturas como essencialmente dinâmicas, desenvolvendo mecanismos de conservação e mudança num permanente ajuste.

     Essa idéia da relação existente entre as culturas humanas e as condições de vida de cada agrupamento humano nos mostra que as diferenças entre as culturas não são de qualidade nem de nível: devem-se às circunstâncias que as cercam. Durante muito tempo se pensou que culturas de sociedades iletradas ou ágrafas eram menos complexas ou menos elaboradas do que as de sociedades em que se havia desenvolvido a escrita. Hoje se sabe que os conhecimentos passados pela tradição oral, por meio de contadores de história, são de complexidade e profundidade comparáveis àqueles veiculados pela escrita. Se certas sociedades não criaram o alfabeto e a linguagem gráfica, é porque o modo de vida de tais indivíduos não lhes despertou tal necessidade, não porque sua capacidade mental fosse “inferior”. A capacidade simbólica e os padrões de todas as culturas humanas são igualmente abstratos, significativos e dão respostas úteis aos problemas de compreensão do mundo.


A Ciência como Ramo do Conhecimento
                  

     Durante séculos, o homem pensou sobre si mesmo e sobre o mundo, adquiriu conhecimentos, estabeleceu interpretações ajustadas à vida cotidiana. Entretanto, o tipo de problema que o levava a isso mudou sensivelmente conforme as culturas e o passar dos séculos. Vejamos como isso se deu na história da civilização ocidental.

     Sabe-se hoje que os egípcios tinham grandes conhecimentos de geometria – palavra de origem grega que quer dizer “medição da Terra”. Tais conhecimentos foram elaborados a partir da necessidade social de prever o transbordamento do Rio Nilo e restabelecer fronteiras territoriais que essas inundações extinguiam. Com uma corda dividida em treze partes por meio de nós e dois homens que a manuseavam, conseguiram criar as mais diferentes formas geométricas, capazes de resolver seus problemas de medição territorial. O conhecimento adquirido com o auxílio dessa técnica foi aplicado, depois, com grande êxito, às construções arquitetônicas, tornando-se mais tarde a base do pensamento geométrico pitagórico. Entretanto, para os egípcios, esse saber não estava dissociado de outras questões fundamentais de sua cultura, como a vida após a morte, os deuses e a hierarquia entre os homens.

     Foram os gregos que conceberam a idéia do saber como um fim em si mesmo, como atividade destinada a descobertas desligadas de uma finalidade prática imediata ou à solução de questões metafísicas. Menos preocupados com a religião e a vida após a morte, os gregos foram os precursores da elaboração de uma forma de pensar à qual se deu o nome de ciência, uma atividade com objetivos próprios.


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